segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Hora da Plenitude

...é longo...mas assim tem sido a minha estrada. Que bom!

Faltava-me o AMOR




Segunda-feira. Céu Azul. O sol em toda sua dourada intensidade do poder, que reside em si, a iluminar o planeta. Este que habitamos. Ainda assim o céu é azul. Por uma condição física. ‘Dizem’ que atmosfera ganha essa coloração pelo ‘espelhamento’ da cor do mar...e por isso nosso céu não é amarelo.
Não sei o porquê de dizer isso [ou até saiba sim...], mas também não sei como descrever a grandeza do que sinto enquanto em pleno ‘dia de branco’, no momento do dia em que este Astro está cem por cento perpendicular a Terra [aqui em São Paulo]. O coração financeiro do País pulsa em ritmo frenético. As pessoas circulam como formiguinhas, transladando-se no cumprimento das mais diversas funções corroborando para a vida comunitária.
Meio-dia é o protocolo da ‘parada’ justificada da jornada para aquele almoço...contar e contabilizar o final de semana, acertos e fracassos, pessoais e profissionais.
Mas estou a admirar o céu azul. Se o mundo é uma praia eu estou na espreguiçadeira banhando-me ao sol.

Penso, agora..em divagações...que seria a felicidade como o céu azul? Afinal, ‘ta tudo azul’ é um jargão em resposta a pergunta: ‘E aí?tudo bem?’
Refletimos uma cor enquanto somos iluminados por outra, será isso?
Em um determinado instante em que os ponteiros do relógio se alinharam marcando um tempo eu vi meu Ser preenchido com uma felicidade nunca antes inspirada.

Dei-me conta de que se nessa hora fosse registrada minha parada cardíaca eu poderia chegar ao portão principal da vida eterna com o passaporte carimbado ‘Feliz’.
Paulistano, herdeiro de cultura ítalo-hispânica cresci em uma família exemplar. Em nada desabono o período militar que minha infância se desenvolveu, ao contrário. Música, pintura, desenho, artes em geral, fomentaram a busca pelo saber. Minha amélia Mãe juntamente com meu pai tiveram muito sucesso em inserir-nos (a mim e meu irmão mais velho) valores éticos-morais. Não gozo de estabilidade financeira. Não...mas no decurso de minha vida profissional até aqui fiz tudo que desejei fazer.
Amante da arte, e da sétima arte, cheguei onde queria chegar. Casei. Não uma..mas ‘duas’ vezes. Isso hoje parece pouco na nova realidade social, mas ‘de onde eu vim’ não havia nem divórcio e mulheres desquitadas eram pulhas da sociedade. Das uniões germinaram três filhos lindos, perfeitos geneticamente e com as ‘imperfeições’ comum ao desenvolvimento de qualquer jovem sob o olhar paterno.
Cheguei então aquilo que denominam meia idade...o que discordo, já que não posso dizer quando será a meia idade já que não sei quanto será a parte inteira.
Estou de bem com a vida. Se não me sobra dinheiro (já que não estou na política, futebol, seita religiosa e big brother) não me falta saúde. Trabalho com o que gosto e estou amando minha graduação e isso projeta como será minha migração para uma nova atividade.
Viajei muito, ainda que não tenha ido para Paris ou Nova York e que prefira em relação a essas ir a Itália e Espanha. Vivi amores e desilusões. E tudo que recheou esse trajeto me permitiu chegar até aqui dando-me a condição de ver e sentir a ‘felicidade’.

Hoje tenho certeza das minhas certezas de tal forma que tenho certeza até das minhas incertezas! Sim, é um joguete de palavras que sintetiza um não estar pronto nunca.


Se na hora que o relógio alinhou seus ponteiros, em posições estas distintas ou não, a vida em mim expirasse uma certeza haveria: a plenitude e a felicidade estão contidas em mim. E, no entanto isso não está cristalizado, pois, minha plenitude está exatamente na potencialidade do movimento e desenvolvimento em que a cada manhã um novo eu acorda para um novo dia. Aqui, o ‘realizado’ não significa ‘terminado’ mas o ‘eterno realizar’.
Por mais que um homem realize é o amor que lhe confere sentido a suas obras. Parece lógico pensar que então esse deva ser verdadeiro, não engessado, livre e despojado, de traumas, estigmas, preconceitos, vícios, em toda e qualquer estância.
Vivo um amor sem precedente e que rebuscou em um não sei onde da minha memória os versões da canção do Roberto, isso..o Carlos:

‘Olha você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei pra mim’
Esse amor é possível porque é compartilhado maravilhosamente. Alguém que ‘não nasceu para mim’ [assim com eu não nasci para ela], mas que se fez a estar ‘pronta’ [assim como eu], ao londo de nossa vida até aqui, a poder ‘fazer-se para o outro’.
Não, não é um amor qualquer. E aí, parece que vejo Tom Hanks e seu personagem ferido dizendo: “Ryan faça valer a pena”.
Vale.

Amar e por ti ser amado transformou (e transforma) a tudo.
O que foi mágico, agora é verdadeiramente Maravilhoso.

Julio
[O relógio iniciou nova hora e estou aqui, vivo, te amando mais e plenamente feliz por isso e por todas as possibilidades]

6 comentários:

  1. ''Que palavra por palavra
    Eis aqui uma pessoa se entregando...'' (Gonzaguinha)

    Gostei, me identifiquei.
    A verdade é que, sem amor ''eu nada serei'', não é assim?

    Você se despiu nessas palavras, talvez nem saiba como, mas concluindo com o Gonzaguinha novamente...''...É apenas o teu jeito de viver
    O que é amar...''

    beijos amigo.

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  2. "Eu não quero ir, não posso ir pra lado algum enquanto não voltar.
    Nâo quero que isso aqui dentro de mim vá embora e tome outro lugar..."

    Quero sabedoria para não me arrepender dos tropeços da minha caminhada.
    Quero tolerância para acolher o outro.
    Quero...Seria dificil advinhar?

    bjs
    MLJ

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  3. E que belo dia! Aqui também estou olhando para um céu azul e muito lindo. GOstaria de ficar mais tempo observando esse milagre, mas com a correria dos dias...

    Agora sou eu quem agradeço o comentário. Helen Hunt? rs essa é nova! :)

    E que amores e cumplicidades continuem a fazer parte da vida, para que ela seja cada vez mais bela :)
    Boa semana!

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  4. Caro Júlio!

    Que texto delicioso de saborear em linha e entrelinhas!
    Nem seria preciso dizer de sua felicidade que parece saltar por todos os seus poros, no sorriso, e cada parte do blog, e o que é melhor é contagiante, sai pelas suas palavras e chega ao leitor que dificilmente não abrirá um largo sorriso, lendo essa crônica perfeita do ponto de vista humano.
    Sim, meu caro, é o amor afinal de contas que justifica e assina o que temos de melhor em nós mesmo e o que temos à ofertar,
    fico feliz por vc, que alçou seu voos à sua maneira, e nos relata essa experiência maravilhosa em longa crônica, assim como tem sido sua estrada. Obrigada por partilhar-nos de suas riquezas!

    Forte abraço, com admiração!

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  5. É só o amor que conhece o que é verdade, não sente inveja ou se envaidece, é um estar se preso por vontade...
    Lindo texto meu caro Júlio, o céu azul é lindo mesmo,não sei se pelas bandas dai se diz,mas aqui no Sul costumamos dizer que está um céu de brigadeiro quando ele se encontra completamente azul...
    A vida é um eterno recomeçar, um eterno construir, lapidar-se...
    Beijosss

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