terça-feira, 13 de outubro de 2009

ESPERA



Em meu último post eu fiz essa pergunta: "esperar o que?"
Talvez agora pareça loucura eu começar um outro post com "quem ama espera". Pois é assim, espere e leia até o final antes de julgar-me.


A tecnologia é parte real do cotidiano da quase totalidade dos habitantes das grandes e médias metrópoles. Falar por email, msn, e todos outros links que surgem a cada dia como forma de comunicação via post´s. Entre os email´s, prática comum é propagar as mensagens com anexos dos mais diversos: vídeo, imagem, charge, etc.
Dia desses recebi um anexo em powerpoint sobre 'a mulher bem resolvida'. Um dos slides dizia: "pior do que não encontrar o homem certo é continuar casada com o homem errado".
Claro que entre o desenho da chamada e a frase acima existe um oceano de discussão. Atemo-nos ao mais simples. O esperar. O esperar pode ser o limiar entre estar certo ou errado. Entre iniciar ou terminar. Mas, o esperar, mais do que tudo, pode mostrar o amadurecimento. Não se trata de conformar-se, mas, ter respeito por si mesmo e pelo outro. Se há um parceiro, saber 'o esperar' marca o compasso harmonioso da relação. Se não há um parceiro o saber esperar é a corda que nos mantém suspensos ante o abismo da angústia da solidão. Angústia da solidão, eu disse isso? há algum problema em estar só? Dirão os resolvidos: eu não tenho problemas de 'enfrentar' o 'meu eu'.
Não se trata de enfrentar o 'eu', muito menos de um 'eu' enfraquecido, vazio que necessite tanto de outro para afirmar-se. Trata-se de ter sim a presença de um 'outro' que partilhe conosco de nossas alegrias, tristezas, sonhos, sucessos e fracassos, conquistas e derrotas. Não espere para ser completado, preenchido. Isso você já deve ser. Ser para que possa compartilhar, dividir, trocar.
Quem é incompleto, ao se preencher fará do outro um incompleto. Somos partes de um sistema? ok, mas somos indivíduos. Únicos. Tenhamos a certeza de nossa identidade, tudo o que nos forma, desde as características físicas até as mais abstratas subjetividades.
Assim, você, ser único entre os mais de cinco bilhões de habitantes dessa bolinha, só precisa encontrar outro ser único que seja compatível com você. Difícil? Você ama mas o outro nem sabe que você existe?
Então, espere. Não passivamente, Não! O tempo corre mais rápido do que Luz. Mas não acelere o que precisa ser amadurecido. Saber esperar é próprio do amadurecimento, reduz: frustrações, erros nas decisões tomadas fortalecendo a segurança nos passos dados. Esperar para decidir ao invés de afoitamente decidir por algo que irá lhe prejudicar não é uma forma de amor, de amor por si mesmo. Não se trata de um amor egoísta, egocêntrico, mas de resguardo, de zelo.
As relações "ficantes" petrificam corações, aniquilam sonhos, enterram esperanças. Será que esperar a pessoa certa não manteria tudo isso intacto. Tentar, sim, atirar-se não. Em uma nova relação o esperar pode significar segurar as rédeas do coração, manter a emoção nas mãos da razão.
Em uma charge do Charles Schulz, o seu personagem Snoop dizia: "As vezes quando acordo pela manhã sinto uma vontade imensa de morder um gato. Aí, suspiro fundo e sigo em frente pelo dia. Isso é amadurecimento".
Mostre a si mesmo que já está maduro para amar porque aprendeu a esperar, entender o tempo e o momento. Compreende as estações da vida e do amor.
Entre 'esperar o que?' e 'quem ama espera' a diferença está na conscientização de sí e do outro. De fato, esperar o que para olhar para sí. Descobrir-se e com isso descobrir tudo que está no exterior pelos seus reais sentimentos e emoções. Nâo, não espere para ter a atitude de esperar. Porquê você ama.
Para finalizar, deixo abaixo a letra da música do Frejat: SEGREDOS.
Há diversas que poderia citar aqui, mas, essa não deve ser das mais conhecidas.
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JC
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SEGREDOS - Frejat
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Eu procuro um amor que ainda não encontrei
Diferente de todos que amei
Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu a encontre numa fila de cinema,
Numa esquina
Ou numa mesa de bar.
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim
E eu vou tratá-la bem
Pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos
Eu procuro um amor, uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu gagueje sem saber o que falar
Mas eu disfarço e não saio sem ela de lá
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar eu vou até o fim
E eu vou trata-la bem
Pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos
Procuro um amor
Que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim.
Eu procuro um amor
Que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim.

4 comentários:

  1. "Não corra atrás das borboletas. Cuide do seu jardim e elas virão até você"

    Muitas vezes, a vida e a natureza usam símbolos, acontecimentos que são sinais para que possamos entender que, antes de merecermos aquilo que desejamos,precisamos aprender algo de importante, precisamos estar prontos e maduros para viver determinadas situações.Na verdade não precisamos correr desesperadamente atrás de tudo aquilo que desejamos. Devemos compreender que a vida segue seu fluxo e que esse fluxo é perfeito.
    Tem um frase na bíblia que diz "Tudo acontece no seu devido tempo, pois há tempo para todas as coisas" (eu lia muito a bíblia quando criança). É é isso significa a frase 'das borboletas'. Se passarmos todo o tempo desejando as borboletas e reclamando porque elas não se aproximam da gente, mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão. Mas se nos dedicarmos a cuidar de nosso jardim, a transformar o nosso espaço e a nossa vida num ambiente agradável, perfumado e bonito, será inevitável: as borboletas virão até nós! Ou seja, seremos merecedores de tudo aquilo que desejarmos de bom.

    Tenho um livro chamado "Enquanto o amor não vem" da escritora Iyanla Vanzant, que fala muito sobre isso e nos prepara para encontrar o verdadeiro amor (o amor próprio acima de tudo!)
    um Grande abraço

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  2. Oi Lisa...que perola, você, viu! Eu conheço sim o livro da Biblia que tem a frase, é Eclesiastes. Por 5 anos eu 'estudei' a Biblia. Li quase por inteira (faltaram acho 3 livros). Não faço parte de nenhum grupo religioso. Nâo hoje. Estive em um, entre 98 e 2003. Quando me aventurei aos blogs, criei com o primeiro com o nome de 'ricanatureza' no ig. Em uma semana conheci o blogger, através do: Vestido com poesia e Flôr de Bela Alma. Amei o espaço e migrei para cá. Trouxe os posts e junto os comentários oriúndos lá.
    Vejo a Natureza como a Mãe e nós como as doces e levadas crianças, imaturas e um tanto desobedientes. "Mãe natureza", um jargão, um chavão na verdade, mas que é o que é.
    Devíamos nos atentar para o que nos rodeia e ao invés disso, nosso (a humanidade) comportamento é como se fossemos superior à aquilo que nos criou. Como se não fossemos parte desse planeta, e tivesse tomado posse dele para fazer o que bem entende.
    Não, de fato, poucos se importam. Outros infimos se atentam para o que está a volta. É notório ao observar o volume diário de pessoas que frequentam lugares como DisneyWorld (não me refiro as crianças, também produto 'dessa' humanidade) e como aventurar-se em trilhas e afins há sempre vagas.
    De fato os sinais estão aí.
    Eu passei 'um tempo' da vida perdido, na selva de concreto. Em seus abismos, seus guetos, suas armadilhas, suas falsas esperanças... o mundo do desejo infindável. Inatingível porque é sempre renovável.
    Me perdi por não me amar. Me perdi por olhar apenas para o jardim do visinho...
    Sabe Lisa, as pessoas que me conheciam a longa data, estranharam certas mudanças. Não mudei meu carater, quer dizer, sou o Julio Cesar de sempre, quanto ao que me constitui. A diferença é que 'esse' era como se não existisse. Ao 'existir' passou a incomodar (no bom sentido). Dizia eu em metafora: Sabe, gente, um dia você sai com um amigo para um final de semana. No caminho, encontra um loteamento. Juntos, cada qual compra um lote. Ambos constroem suas casas. Um com piscina, outro com Playground, etc. Nâo há cerca, muro ou algo que sinalize uma divisa, afinal, para quê? não são amigos? Certo dia, você não vai para sua casa de campo. Seu amigo sim. Inclusive, promove uma festa, uma churrascada de final de semana. Muitos convidados. No proximo final de semana voce vai para sua casa. Ao chegar, depara-se com certa depredação. Seu jardim com flores quebradas, pisadas. A piscina suja, dentro e no entorno. paredes sujas, e alguns dos adornos escolhidos a dedo... não existem mais. O seu amigo, é muito amigo. Você não o interpela. compreende que deve ter sido uma festa e tanto e fugiu ao controle e que ele não teve nenhuma intensão. Então, você decide, começar a fincar alguns Mourões para "estender" uma cerca. Ao ver tal atitude, voce está apenas fincando Mourões intercaladamente em SEU terreno. Seu amigo observa, a distância, com espanto. Percebendo que haverá uma cerca, indaga: que isso? que houve? você não vai mais deixar entrar em seu terreno? (ou seja, você não pode ter o domínio de sua propriedade)
    voce responde: Claaaro, por isso terei uma porteira. Sempre que estiver por aqui, me chame. Terei prazer em te receber.

    Nossa vida, nossa alma, nosso espaço, nosso ser, por vezes são invadidos virtualmente. Não porque nossos amigos não gostem de nós. Na verdade, permitimos. Não dizemos não. Colocar limites parece que será uma ofensa. Mas não. Há limites. Devemos colocalos. Se ainda não cercou seu terreno, começe hoje. De mourão em mourão. Não tente totalmente no mesmo dia. É cansativo, desgastante. Quanto estiver pronto, todos terão respeito e apreço por 'sua propriedade'. Faça uma cerca linda. E tenha uma porteira charmosa. Um cartaz 'bem-vindo', é de bom gosto.

    Lisa, tenho uma poesia inacabada sobre a borboleta. Já que mais uma vez seu dardo espetou o alvo, postarei na semana que vem.
    bjs
    JC

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  3. J.Cesar,
    fico muito feliz por saber que você se encontrou e passou a 'existir', (mesmo que eu ache um pouco exagerada a sua colocação ao dizer que 'não existia', e tbém por que não conheci a sua outra versão, apenas pelo que me disseste), vejo o quanto isso te ajudou a crescer, a se respeitar, a amadurecer e a te tornar o que és, uma pessoa muito mais feliz consigo. E é isso que importa, não é mesmo?
    Vou aguardar pelo poema das borboletas,
    outro abraço
    Lisa

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  4. Oi Lisa, obrigado.

    Sim, posso ter exagerado...mas não ter identidade é quase o mesmo que não existir. O problema é quando estamos 'nessa' não percebemos isso. simplesmente nos anulamos e nem nos damos conta. Já a felicidade, nesse entorpecimento, há casos em que se pensa ser feliz. Projeta-se. Foi o meu. Por um lado, sim, houve muita coisa concreta, real, nem tudo foi 'fantasia' e que não posso dizer que não tive uma vida feliz até então. Pelo contrário. Uma das coisas é ter tido uma vida maravilhosa de companheirismo com meu falecido irmão, em que jamais brigamos, nunca. Tenho o maior orgulho de falar isso. Mas, ao 'acordar' ou 'sair do transe', aí enxergamos outro tipo de felicidade. Hoje, ter 'conhecido' você, ter sua amizade, são tesouros que me dão muita felicidade, e não é algo projetado, apesar de ser "virtual", em que para mim não é visto assim, pois em 1500 cartas rompiam os mares e nenhum livro de história fala de 'cartas virtuais' ...

    O poema das borboletas ainda é um fac-símele, um rascunho, mas disse que iria transcrever pela referencia que fez. É algo que estava 'trabalhando'. Mas sou apenas o Julio Cesar, heim, não sou Pessoa, Bandeira...rs

    Bj Lisa
    JC

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