A palavra é o conjunto de signos de atribuição social que compõem linguagem como uma ferramenta mediadora. Sua função primeira é intermediação entre pessoas. É a partir do contexto social que a palavra irá constituir a subjetividade de uma pessoa. Para essa pessoa, agora ela passa a ter um sentido. Em si, a palavra é “inanimada”. Sua função só existe dentro do contexto de duas pessoas que possuem a mesma atribuição de significado.
Mas é no uso da palavra como mediadora de sentimentos e emoções que a palavra tem então seu sentido ‘volatizado’ podendo dispersa-se sem atingir seu objetivo, que é: o entendimento pelo ouvinte/leitor da fala/escrita do locutor/escritor.
Em resumo, a palavra (no contexto social) é capaz o suficiente para atingir seu objetivo quando representa o concreto. Quando representa o abstrato seu entendimento é passível de distorções pela atribuição de sentido dado por cada pessoa e sua dimensão.
O amor busca manifestação pelos afetos, e a palavra torna-se um dos meios para querer expressar esse afeto.
O amor é um sentimento abstrato, portanto indefinível. Por isso só, bastaria para compreender que é infrutífero querer transmitir um sentimento indefinido, por meio de signos que representam o concreto: Palavras.
Somos capazes de compreender o amor por um beijo, por um abraço, até por um olhar, pelos comportamentos mais diversos. Na intensidade e forma como se da cada uma dessas manifestações, o outro irá internalizar de acordo com o seu próprio embasamento o ‘valor’ desse amor, criando para si um paradigma. Cada pessoa tem o seu paradigma de acordo com a experiência que viveu.
O beijo, o abraço são manifestações físicas, e guardadas proporções, manifestações concretas. Assim, é possível descrever um abraço em palavras, até mesmo sua intensidade. Porém, o sentir, a emoção, e toda a cadeia de ativação sensorial que ocorre com o amor correrá o risco de não ser possível ser entendida com palavras. Isto porque é necessário que quem lê(ou ouve) esteja na mesma dimensão emocional de quem se pronuncia. E na maioria das vezes isso não ocorre.
Aproxima-se dia 12 de junho, dia dos namorados. Quantos ‘Eu te amo’ serão pronunciados neste dia. Mas quantos serão de fato verdadeiros, expressão provinda do âmago? E quantos ouvirão dando o valor devido também? A frase que de tão banalizada virou praticamente um jargão. Foi reduzida a ‘gostar’. As pessoas possuem um conhecimento da idéia que compõem uma palavra representando um contexto. Assim, quando alguém diz ao outro ‘eu te amo’, esse outro pode estar em uma dimensão emocional que entende como ‘ele gosta’. Entre gostar e amar há uma grande diferença. Quem ama gosta, mas quem gosta nem sempre ama.
Qual o espaço que há entre duas pessoas?um simples traço?
Uma fenda?
Enquanto um debruça-se graficamente, dilacera todo o seu ser figuradamente em cada verso ou prosa, tentando levar ao outro a intensidade com que seus sentimentos, oriundos da atração pelo ser amado, esse ser amado, deslocado ou separado pelo ‘espaço imaginário que os separam, não atinge a dimensão do que está sendo expresso.
Isso pelo simples fato de que sua subjetividade não está composta dos mesmos paradigmas.
É como entrar em uma padaria e pedir leite em Kg, presunto em Litros... Fala-se de alimento, produto, de peso e de medida, mas um não compreende o que o outro quer dizer, não no conjunto. Eles sabem o que é kg e o que é Litro, mas nesse contexto isso se perde... dispersa-se porque é volátil... assim que ambos terminarem a interlocução, seguirão suas vidas e o evento não será armazenado.
Voltando, as pessoas conhecem significado do amor e tudo o mais. Aceitam socialmente as manifestações que lhe são dirigidas ou mesmo a executam porque assim diz o ‘protocolo’. Sentimentos e emoções que não são verdadeiros expressados por palavras de forma praticamente irresponsável, poderá ter consequências graves (como crimes de namorados).
No momento em que vivemos uma sociedade que pouco se relaciona fisicamente diariamente, por mais paradoxal que isso pareça, é preciso parar, repensar, e compreender o quanto é preciso voltar-se para o outro, e aí, ir mais fundo e olhar para como está sendo essa comunicação.
O que você tem recebido de afeto escrito/verbal? Tem dado atenção? Tem de fato compreendido o que vem sendo expresso ou vê ‘palavras’ apenas e não sentimentos verdadeiros? O mesmo vale para o que tem escrito e/ou falado.
Esse blog chama-se Vendo e Sentindo. Essa é a bandeira. A realidade do mundo se faz para você pelo modo o qual você o percebe. Se o está percebendo de forma distorcida, ilusória, idealizada, então assim tem sido a sua realidade: distorcida, ilusória e idealizada.
Eu gosto de cada um de vocês,meus seguidores. Alguns eu amo. E nesses uns um tanto, outros um pouco a mais.
Julio Cesar
Ou um abismo?
Enquanto um debruça-se graficamente, dilacera todo o seu ser figuradamente em cada verso ou prosa, tentando levar ao outro a intensidade com que seus sentimentos, oriundos da atração pelo ser amado, esse ser amado, deslocado ou separado pelo ‘espaço imaginário que os separam, não atinge a dimensão do que está sendo expresso.
Isso pelo simples fato de que sua subjetividade não está composta dos mesmos paradigmas.
É como entrar em uma padaria e pedir leite em Kg, presunto em Litros... Fala-se de alimento, produto, de peso e de medida, mas um não compreende o que o outro quer dizer, não no conjunto. Eles sabem o que é kg e o que é Litro, mas nesse contexto isso se perde... dispersa-se porque é volátil... assim que ambos terminarem a interlocução, seguirão suas vidas e o evento não será armazenado.
Voltando, as pessoas conhecem significado do amor e tudo o mais. Aceitam socialmente as manifestações que lhe são dirigidas ou mesmo a executam porque assim diz o ‘protocolo’. Sentimentos e emoções que não são verdadeiros expressados por palavras de forma praticamente irresponsável, poderá ter consequências graves (como crimes de namorados).
No momento em que vivemos uma sociedade que pouco se relaciona fisicamente diariamente, por mais paradoxal que isso pareça, é preciso parar, repensar, e compreender o quanto é preciso voltar-se para o outro, e aí, ir mais fundo e olhar para como está sendo essa comunicação.
O que você tem recebido de afeto escrito/verbal? Tem dado atenção? Tem de fato compreendido o que vem sendo expresso ou vê ‘palavras’ apenas e não sentimentos verdadeiros? O mesmo vale para o que tem escrito e/ou falado.
Esse blog chama-se Vendo e Sentindo. Essa é a bandeira. A realidade do mundo se faz para você pelo modo o qual você o percebe. Se o está percebendo de forma distorcida, ilusória, idealizada, então assim tem sido a sua realidade: distorcida, ilusória e idealizada.
Eu gosto de cada um de vocês,meus seguidores. Alguns eu amo. E nesses uns um tanto, outros um pouco a mais.
Julio Cesar
Meu querido amigo e afilhado:
ResponderExcluirEstou quase sem fôlego até agora, diante de tão sábias palavras, e tamanho conhecimento sobre o assunto que vc mostrou possuir!!!
Puxa vida Júlio, nada a dizer sobre aquelas possíveis 'correções', amigo... que isso? Quem sou eu para mudar aqui uma só vírgula...rs
Uma perfeita "tese", um grande tratado pude ver e ler aqui!! Ma-ra-vi-lho-so.
Parabéns!
Vou ler mais, e reler, e ler de novo...rs
Abraços e fique com Deus!!!
Acho que é essa percepção e a forma de tê-la que muda e faz a vida ser realmente vivida!!
ResponderExcluirBelo desabafo...
[]s
Ai ai ai..tema controverso, polêmico, perigoso...pq usa a palavra – expressão mediadora das idéias, mas artifício perigoso. Seu uso inadequado - ou intencional, indevido, desrespeitoso, agressivo, fantasioso, etc...compromete as relações, as ferem de morte. Lembrei-me do que escrevi há alguns anos, mas publiquei em dezembro de 2007, quando nasceu o blog. Chama-se “Ao ser proferida, a palavra tem função”, e ali (reli) está a questão da função que a palavra tem, mas talvez, desprovida do “acompanhamento” essencial, fique comprometida ao ponto de ser incompreendida, “lida” mas não “sentida” – essa é a prerrogativa das emoções, pq são provocadas, inclusive pelas palavras – daí o cuidado em proferi-las...
ResponderExcluirEm frente...não percamos o foco...o amor não parece um sentimento abstrato. A gente sente, mas por alguém, isso já o torna concreto na gente. É meio maluco isso, mas quando definimos as sensações que nos acometem por estar amando, não fica palpável o abstrato?? Como pode a gente ver o que não existe? (acho que preciso de um café...que devaneio sério esse...rs)
Mas estas observações, diga-se em tempo, servem para o contexto principal tratado por vc aqui...o amor é muito mais amplo, ele corresponde à natureza cuja visibilidade está vinculada a outra esfera da vida...onde a volatilidade jamais lhe faria esteio. Mas está me parecendo, que quanto mais a gente quer explicar um sentimento (palavras!) mais se afasta de sua essência (sentir não tem explicação!)
Sobre a tua questão (título)...pra mim, as palavras, às vezes, são a única forma de expressão disponível, mas há centenas de maneiras de transmitir o sentimento...todas simples (a gente que complica)...um presente inesperado...um abraço...o envio de uma cartinha (nos dias atuais, pense que gesto! – mesmo contendo “palavras”, pode ter perfume, papel, foto...quero café!!!...rs)
Daria pra falar até esgotar as forças - e as palavras!...e provavelmente fossem insuficientes...aliás, somente esta última frase poderia constar neste coment...pra ver quão dispensáveis podem ser...apesar delas dependermos...
Fico por aqui...vou providenciar um café pra este domingo chuvoso...rs
Beijo